Evoluir é questão de tempo. Tanto faz se for em um esporte, em uma arte, em qualquer atividade. Nosso erro é achar que dedicar tempo a treinar é questão de força de vontade. Estou cansado de ver gente falando sobre a importância da disciplina e força de vontade. Para mim, força de vontade é bobagem.
Benjamin Senior
🧠 Racional não basta
Acreditar que disciplina e força de vontade são suficientes para manter uma atividade no longo prazo é um erro. Embora esses elementos tenham seu valor, eles são combustíveis fósseis. Tem data para acabar. A força de vontade depende fortemente da nossa mente racional, da nossa capacidade de adiar recompensas e seguir planos. O ser humano é movido não só pelo dever, somos movidos também (e muitas vezes principalmente) por emoções e necessidades imediatas. Quando tentamos viver apenas na base da disciplina, sem prazer, o risco de desistir é gigante. Alô dieta?!
Paul Norwood
😌 Prazer é o caminho
O caminho mais sustentável para continuar treinando qualquer coisa é encontrar prazer na atividade. E esse prazer pode vir de vários lugares: do processo em si, do sentimento de progresso, da sensação física envolvida, ou, muito frequentemente, da companhia de outras pessoas. A sensação de pertencer a um grupo é um grande motivador, que subestimamos quando cantamos a glória de um escritor, um medalhista olímpico ou uma grande artista.
Caroline Péron
🧩 Brincar é treinar
Quando a gente gosta de um quebra-cabeça, a gente nem sente que é um sofrimento passar o dia montando ele. Mesmo diante de um desafio que não se move, a gente continua brincando. A perseverança deve ser prazerosa. Isso é o que quem defende força de vontade não entende. Força de vontade parece sugerir uma disposição monástica ao sacrifício. E, ao contrário, você vê que quem é perseverante curte repetir exercícios milhões de vezes. Curte a atividade, sente prazer. Quando o sacrifício é constante e o prazer é ausente, abandonar os treinos é uma questão de tempo.
Virginie Morgand
🎯 Mude a pergunta
Portanto, ao pensar em metas ou mudanças de hábito, talvez a pergunta mais importante não seja “como ter mais disciplina?”, mas sim “como tornar essa experiência mais prazerosa?”. Buscar prazer não é preguiça — é inteligência. Criar ambientes positivos, transformar rotinas em rituais gostosos, conectar-se com pessoas que compartilham dos mesmos interesses — isso é o que sustenta o esforço real, muito mais do que frases de efeito sobre “força de vontade”.
Este texto foi inspirado na pesquisa de Daniel F. Chambliss sobre nadadores medalhistas olímpicos. Aqui o PDF da pesquisa dele. O banal que constrói a excelência (The mundanity of excellence).
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Adorei o texto, amigo!!
Tenho feito muito essa reflexão!
Coincidentemente, o último livro que li (The One Thing) falava justamente sobre a força de vontade não poder ser acionada a qualquer momento porque é um recurso esgotável ao longo do dia.